Friday, November 06, 2009

vaca amarela pulou a janela...

Estranho é o silencio que meu mundo de repente virou.

Um silencio vazio de quem nada tem a perder

E não há nada a ganhar também.

Silencio na hora de não fazer nada, silencio ao assistir TV, silencio dirigindo o carro, silencio...

O silencio dos que querem berrar. Talvez é isso que signifique a tal palavra saudade.

Embora eu seja eu, não acho mais que consiga me segurar em mim por muito tempo... Apesar do gosto da solidão muitas vezes já ter me deixado viciada. Minha consciência berra de pavor de mim as vezes.

Mas aqui estou, eu de novo, tentando traçar uma linha, tentando cruzar a batalha sem olhar pros lados me protegendo de qualquer ameaça, uma batalha que eu mesma criei.

O tempo cura? Pode ser, mas, onde ele está? O tempo também está berrando, procurando alguém mais sensato do que eu pra estipular suas leis. Aqui em mim ele nem se mostra, nem da as caras, ele não passa de uma lei perfeita que ninguém consegue infringir e ele passa. Sem levar nada de mim. Assim como a lei do espaço, nessa eu me perdi, não sei mais qual o espaço que eu ocupo. Seu corpo quente não é mais meu espaço nem mesmo enquanto eu durmo. Você não está mais em mim nem mesmo quando acordo. Mas será que eu já acordei? Porque sinto que é isso, mais do que tudo, mais do que o mundo que eu carregava, mais do que todos os sonhos que eu planejava, mais do que qualquer areia onde eu esteja afundada... é acordar o que me falta.

Tuesday, October 07, 2008

pé de moleque

manhã de chuva, descendo a ladeira
numa mão o velho guarda chuva que mamãe comprou na feira
na outra um bilhete pra menina da escola
descobri que se ela aparecer nessa manhã de chuva
é pq foi feita pra mim e nao pode negar
eu já descobri isso faz tempo, pena que ela ainda não sabe
mas não tem problema, eu ensino ela
igual o professor de matematica faz toda quarta feira
apesar de que quase ninguem entende o que ele fala
ele tem sotaque de portugal e eu não
eis a minha vantagem
ela pode até achar o sotaque bonito
mas eu explico melhor já que nasci aqui e desço a ladeira todo santo dia
mas hoje a ladeira está molhada e isso deve ser sinal de boa sorte
se eu não levar um tombo significa que vou me dar bem nessa
explicar matematica deve ser mais facil que explicar que ela nasceu pra mim
mas vou explicar direitinho que tenho 12 anos de puro amor acumulado
e ela nao vai precisar dividir, igual o professor de matematica faz com os exemplos na aula
e se ela não souber multiplicar eu vou falando pra ela todo dia
que o amor de ontem é pra ser multiplicado por dois pra dar o de hoje
sei que meu portugues não deve estar muito bom
porque ao inves de prestar atenção na aula eu fico prestando atenção nela
já desci a ladeira e não levei nenhum tombo
já cheguei na escola e sim, ela está la.
tudo perfeito, hoje é o dia em que eu finalmente vou conseguir conquistar
a minha professora de portugues
que namora o professor de matematica.


moral da historia: a primeira decepção amorosa te ensina o que o portugues e a matematica do ano inteiro não te ensinaram.

Friday, July 11, 2008

Verbo

Reflito pra não ficar no mundo normal, real, frio e calculista
Não quero esvair minha chama, quero me perder no meio do fogo
Ver suas cores bem de perto, entrar dentro do seu frio
Quero estar lá dentro
Onde tudo acontece, de onde brotam as energias
Entenderia então os calculos frios das letras quentes
Esvoaçam os âmagos
Deixe aquele tênue rastro de qualquer coisa insignificante aos olhos normais
Te guiar ao infinito
Quebrem os muros!
Quebrem os muros!
Se numa época distante quebraram o de Berlim
Por que não podem quebrar o seu?
Quebra-o você!
Sobressaia dessa sua córnea.
O que se vê não é nada mais do que frutos.
Frutos da sua mente, frutos do dia-a-dia, frutos das manipulações humanas.
Esqueçam os frutos, pensem nas frutas!
Deixe as borboletas, os frutos as flores te manipularem.
Procura o que tem dentro da embalagem.
VEJA a vida em tudo que tem vida.
É tudo pura energia.
Que ganhem frutos desconhecidos.
Que se alimentem do bom da mente.
A liberdade parece inexistir.



Todo o tempo, que fico sem minhas letras
sem minha inspiração, em frente ao branco
é o tempo que queria que alguém estivesse escrevendo pra mim.
Não me sinto tão triste por estar sempre só,

me sinto triste por nunca ter tido ninguém.
...

Saturday, June 07, 2008

você láctea

Minha noção de espaço é minuscula,
Isso eu escutei do infinito.
Com seus etes e planetas e estrelas refletidas no céu azul desse lugar
Somos pequenos seres, incrivelmente capazes de fazer alguma coisa, assim como as formigas ou qualquer forma de vida por aqui.
Isso foi o que eu descobri andando de bike pelo mundo, procurando sua essencia pela terra.
Mas não, não é aqui que hei de encontrar, e errei.
Afinal és a mistura mais bela que já vi entre céu e terra.
Tudo por que tens consciencia dessas cores que se encontram no horizonte
e no verticonte.
Eu não te conheço tanto quanto não conheço a vida e o mundo, mas já sinto saudade.
E nesse mundo redondo de mentes quadradas todos os lugares são onde eu devia te encontrar.
E encontro. Por mais que não saiba e não esteja lá, por mais que não seja nas tuas proprias cores. Pois possui todas elas. Em mim estas em todo lugar.

Monday, July 02, 2007

des-importatissimo

Abro a porta do enigmático e de olhos fechados entro.
Tudo é vazio no começo, mas cores vão surgindo aos poucos, vão surgindo da mistura de outras cores, as vezes surgem por causa de uma luz batendo em uma direção diferente, criando sombras e penumbras e ninguém pode enxergar direito os espaços onde a cor é preta.
Onde há vazio, nunca se sabe o que pode surgir.
Um bosque vai se formando no meu vazio, eu caminho por ele e quando as folhas das árvores começam a cair com o vento o tempo parece parar, mas como o tempo pararia se a vida e a morte das folhas continuam?
O tempo não pára, mas eu paro pra olhar e não vejo isso como tempo perdido.
Continuo a caminhar, passo por baixo de um túnel de pedras, que vai se estreitando e quase não da pra chegar do outro lado.
Mas eu chego, e este lado ainda está em construção, ainda é só vazio, o que eu poderia fazer nessas horas? Não tenho lápis, nem tinta!
Sento num banco solitário e velho, fico ali na espera de que tudo vá se formando.
Tenho medo de que apareça um monstro, mas aos poucos novas cores vão surgindo e várias outras portas aparecem, uma delas é a saída.
Mas porque eu haveria de querer sair?
Aqui está bom por enquanto e se me conheço bem, pra sair daqui, só mesmo abrindo outras portas pra outros enigmas bem diferentes, deixo a saída de lado...
Até não houver saída.
Só então percebo como ela é importante, e sinto desesperadamente sua falta.



Baseado em "falta de saidas" reais.

Saturday, June 16, 2007

Baby, see you later.

Há muito já não diziam palavras,
Há muito já não havia o que dizer,
Palavras eram inertes, sucumbidas às propriedades humanas.
O que era etéreo e sentido ia além das ideologias circunstanciais desses seres pensantes.
Sei que as três palavras mais guardadas do meu vocabulário, dariam uma frase completa.
Tudo se resumiria a elas, que nunca por mim foram dirigidas a ninguém.
Porém, não adiantaria soletra-las.
Aquilo tudo ia além, mesmo que fosse efêmero,
O mundo era todo você e minha alma e corpo eram todos seus, mesmo que durasse um segundo.
E eu que não sei o que é amar,
Nunca poderei saber que palavras usar.


Ela pensou nisso e disse com toda a convicção do mundo:
- Eu te amo.

Sem obter resposta, repetiu:
- Te amo.

E novamente ninguém a respondeu, ela olhou por todos os lados e viu que estava falando sozinha, ela se viu dentro do vazio, aquilo era o vácuo, ninguém poderia ouvi-la, ninguém poderia ouvi-la...
E no escuro do submundo onde se encontrava, ela se escondeu, de ninguém, ela se escondeu dela, ela correu pra se livrar daquilo, ela correu e tentou encontrar uma luz no fim do túnel...
De repente ela percebeu que não adiantaria correr, não adiantaria chorar, nem gritar, nem nada...

Então ela sentou e esperou o dia amanhecer.

Thursday, June 07, 2007

No domingo que acordei cedo

O dia amanheceu, eu corri pro quintal de pijama e senti frio, era uma manhã cheia de neblina e vento. Meu cachorro veio correndo comigo e ficou olhando pra cima, eu olhei pra cima também, um passaro que estava parado olhando pro horizonte (ou pra qualquer lugar) voou, uma pena desgrudou-se dele e voou junto, e a pena foi caindo beeeeeem lentamente, fazendo curvas pelo ar, parou leve e calma em cima do focinho molhado do meu cachorro,
e se grudou lá.

A vida passava, a vida passava, tocando minha pele, e eu amava-a intensamente.

Então eu olhei pro meu cachorro e falei:
"que bela pena você ganhou, não esqueça de agradecer"